quinta-feira, 20 de abril de 2017

Holidays - uma grata surpresa do cinema de horror atual


Apesar da avalanche de filmes envolvendo assombrações (cheios das famigeradas jumpscares), assassinos sanguinários e seja lá o que for que anda monopolizando as produções de terror atualmente, ainda existe esperança para o cinema do medo, da apreensão e do susto.


Dia desses sai do meu looping de filmes antigos e resolvi assistir um mais recente e bastante interessante.

Holidays (EUA, 2016) é um daqueles antologias de terror que vale muito a pena assistir. O fio condutor, como o nome do filme entrega, são os feriados ou datas comemorativas. Foi uma sacada interessante utilizar datas que já conhecemos para contar histórias de terror, mesmo que isso já tenha sido feito de maneira bem trash (Não estou indicando, apenas mencionando: Natal Sangrento, Krampus, a refilmagem do Dia dos Namorados Macabro, Dia das brincadeiras mortais (que faz referência ao 1º de abril americano, dia dos Tolos), Dia das mães - esse é horrível, etc etc etc).


Sem mais delongas, vamos ver um pouco sobre cada um. Vou me segurar ao máximo para não dar nenhum tipo de spoillers... Se algum escapar, não foi intencional.


Dia dos Namorados

Uma adolescente é apaixonada por seu professor de mergulho olímpico. Durante os momentos em que estão juntos, ela foge da realidade e vai pra um mundo de pensamentos felizes no qual ele também a ama.

O grande problema é que: A) as colegas de treino fazem a garota passar o inferno com perseguições e brincadeiras de mau gosto. B) o professor tem um problema de saúde sério. C) é dia dos namorados.

Esse segmento é um pouco fraco e meio que entrega o que vai acontecer em determinado momento da história. Mas mesmo assim não é um episódio de todo ruim, principalmente pelo desempenho de Madeleine Coghlan, a protagonista com sua cara de maluquinha adorável.
 

Dia de São Patrício


Oba! Aula de biologia...
Uma professora novata do primário enfrenta dificuldades em lidar com uma de suas alunas, uma menininha incrivelmente perturbadora e aparentemente adepta de práticas pagãs.



... Posso dissecar meu sapo vivo?

Esse é um dos melhores episódios. A atmosfera de ameaça vai se construindo aos poucos e a história oferece uma reviravolta muito bem construída. É um daquelas histórias de terror em que, no final, tudo se encaixa.


A árvore da maldição... não, pera.

Além disso, o desempenho da professora (a atriz Ruth Bradley) e da menina (a pequena Isolt McCaffrey) é impecável. A menininha é ameaçadora mesmo com toda a sua fragilidade física e a professora consegue fazer com que nos preocupemos com seu destino.

Páscoa

Esse aqui ganhou pontos comigo por ser curto, porque é uma história meio sem pé nem cabeça. Uma menina fica chocada ao ver o algo andando por sua casa em uma certa noite. Não revelarei mais pra não estragar a surpresa, mas é isso aí em resumo.

Três letras pra você: WTF?

Esse episódio tem um monte de coisas erradas. Começa morno, não desenvolve muito, a criatura aparece...  Apostaram muito mais no horror e no repulsivo do que em criar uma atmosfera de terror.

Dia das Mães

Era uma vez uma mulher que não conseguia parar de engravidar. Toda vez que ela tem relações sexuais, ela engravida.

(é isso aí que você leu, toda vez que namora pelada a moça fica grávida... parafraseando Gary Oldman em O Profissional:  Como assim "toda vez?" TOOOOOOOOOOOOOOOODA A VEZ!")




Por indicação de uma médica que a atende, ela acaba se envolvendo com um grupo de mulheres (feiticeiras) que vivem longe da civilização.


Pela mão, é o Dart Maul...

Apesar de imagens impactantes, esse é o pior de todos. Mesmo sendo uma história curta, conseguiram imprimir um ritmo muito arrastado.  A personagem principal deste também não conseguiu despertar empatia suficiente para que houvesse uma preocupação real com sua segurança - coisa básica para uma história de horror.

Dia dos Pais

Uma jovem recebe uma fita cassete misteriosa de seu pai, que desapareceu há muito tempo. O pai gravou a fita quando ela ainda era criança, no mesmo dia em que desapareceu. Quando ela começa a escutar a fita, o pai dá indicações sobre como ela pode encontrá-lo.

Esse aqui se sai muito bem. Conseguiu prender a atenção e me deixou na ponta da cadeira esperando o desfecho. É uma daquelas típicas situações em que você percebe que no fim tudo não vai acabar bem.

Halloween

Um homem (um ogro, na verdade, melhor exemplar de lixo humano machista, mal educado e abusivo) conduz um serviço de vídeos sexuais pela internet. Suas três funcionárias são mal tratadas por ele e mantidas praticamente como prisioneiras. Esse foi um dos seus maiores erros.

Esse segmento é bem interessante e consegue unir humor e um toque de sangue que não deixa nada a dever à série de filmes Jogos Mortais.

Natal

Para conseguir o presente de Natal do seu filho, um homem acaba cruzando os limites do aceitável.



Esse aqui também ganha pontos por originalidade. Conseguiu criar uma fábula que fala sobre expectativa, posse, consumo, desejos e percepção.  Sem contar que Seth Green dá um show como o cara bobão, infernizado pela mulher e que não quer decepcionar o filho... a ponto de... 

Véspera de Ano Novo

Um assassino em série que encontra suas vítimas entre aspirantes a namorada pela internet (não consegui entender se era Par Perfeito, Tinder ou algo do tipo) se prepara para atacar sua última vítima do ano, em pleno dia 31 de dezembro. Depois de uma conversa muito desajeitada em um restaurante, os dois vão pra casa dela para "conversar em particular".

Apesar da reviravolta meio manjada, vale a pena conferir.


Assista a esse filme. Como eu disse no começo, é bom ver que o cinema de terror não se resume a irritantes sustos repetitivos, baldes de sangue e vísceras, fantasmas e mortes espetaculares. Ainda existem produções muito boas e que, infelizmente, em geral ficam longe dos holofotes do grande circuito cinematográfico.

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