sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Ilha de Brocoió: A Ilha dos Sussurros

Vista aérea de Brocoió
No interior da Baía de Guanabara existe uma ilha que recentemente voltou às manchetes devido à (alegada) falência do Estado do Rio de Janeiro.  É a Ilha de Brocoió.

A ilha faz parte do arquipélago de Paquetá, composto por mais 15 ilhas (Pancariba, Folhas, Nhaquetá, Viraponga, Tapuamas de Fora, Tapuamas de Dentro, Casa de Pedras, do Ferro, Redonda, Comprida, do Manguinho, Jurubaíba, Braço Forte, Itapacis e dos Lobos), juntamente com a ilha de  Paquetá, a principal e a que nomeia o arquipélago.





Atualmente a ilha pertence ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, sendo seu acesso restrito. Lá se encontra uma das  moradias do Governador do Estado. Antes disso, lá pela década de 1930, o lugar pertenceu ao milionário Octávio Guile, responsável pela urbanização e pelo aterramento de sua área, que a transformou de uma ilhota dupla em uma ilha de aproximadamente 200.000 m².
 

Nicolas Durand de Villegagnon
André Thevet
Seu descobrimento é atribuído ao cosmógrafo francês  André Thevet (1502- 23/11/1590), integrante da expedição de Villegagnon, em 1555, época da fundação da chamada França Antártica.

Fim da aula de história.







Vamos começar a história de terror

Os Tamoios, ou Tupinambás, habitavam, entre outros pontos do que viria a ser o Brasil, o litoral norte do atual Estado de São Paulo e o litoral sul de onde hoje fica o Rio de Janeiro. O termo Tupinambá, inclusive, faz referência a diversas tribos que possuíam uma língua comum. Entretanto, essas tribos não mantinham uma unidade, chegando mesmo a guerrear umas com as outras.




Outra característica dos Tamoios era a prática do canibalismo ritual. Essa prática,  segundo historiadores e arqueólogos, era comum em várias comunidades primitivas ao redor do mundo. Além deles outros grupos indígenas também eram canibais (os potiguares, os caetés, os aimorés, e os goitacás). Ao praticarem o canibalismo ritual acreditavam que absorveriam as qualidades de seus inimigos.

Os Tamoios tinham uma utilização interessante e arrepiante para a ilha do Brocoió. Ela era uma prisão para índios rebeldes. 

Quando um índio se rebelava ou ia contra a autoridade de um chefe tribal era levado para a ilha do Brocoió. Na época a ilha era na verdade uma ilhota dupla, ligada por um braço de areia. Não era um exílio com tempo para terminar. O índio rebelde que recebia sua passagem para lá ia permanecer no tal local até morrer.  Eram conduzidos em longas canoas através da Baía, em direção ao seu destino.



O nome da Ilha é a cereja do bolo dessa história toda.

Brocoió é uma corruptela de borocoió (ou segundo o Dicionário Etimológico de Antenor Nascentes, boré-coyá) que significa "sussurros, sussurrante".  

A lenda conta que, durante a noite, os espíritos dos rebeldes que morreram na ilha voltavam do além, ou de onde quer seja que eles estavam, para vagar pela ilha, soluçando, chorando e gritando por socorro.

Uma outra variante da lenda diz que doentes e deficientes das tribos também era levados para lá para morrer. Essa última afirmação fica no campo de "lenda urbana."

Lenda ou não, existem relatos de moradores da Praia Grande, na Ilha de Paquetá, que afirmam ouvir ainda hoje os tais sons que vem da ilha do Brocoió. Praia Grande fica bem de frente para a ilha que um dia foi um presídio.

Fica o convite:

Se um dia você estiver no Rio de Janeiro e ficar em Paquetá depois do pôr do Sol, procure um lugar aconchegante na Praia Grande e apure bem os ouvidos.  E, se você estiver sozinho, talvez consiga se convencer de que aquilo que você está escutando é apenas o vento.

Ilha do Brocoió vista de Paquetá


Ilha do Brocoió (década de 1930/1940)


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