terça-feira, 9 de agosto de 2016

Tripulação de Ratos: Boato interessante, mas...


Algum tempo atrás um boato bem interessante correu a internet e atingiu vários blogs que eu frequentava.

O mistério do navio fantasma tripulado por ratazanas canibais.

Imagine um local no meio do oceano - que pra mim já é assustador por si só - abandonado de qualquer alma humana, mas povoado por ratazanas que, por causa da superpopulação, tiveram de recorrer ao canibalismo e acabaram por se tornar máquinas de matar do reino animal.


 
"Parece tudo bem. Vamos pousar."
As consequências: imagine se esse navio for abordado por um barco desavisado, que mande um grupo a bordo e acabe sendo atacado pelas ratazanas... imagine se esse barco consegue navegar até algum país e, por obra do acaso, acaba encalhado próximo demais de um porto ou pequena cidade... ou até mesmo perto demais de algum centro urbano densamente povoado? Além dos ratos haveria o perigo de disseminação de doenças causadas pelo longo período de confinamento do navio e de sua carga perniciosa.


O boato atingiu uma proporção assustadora, sendo veiculado até em sites de notícias que davam a notícia como real.  Até o GLOBO fez uma alusão ao caso.

Enfim, a informação daria uma premissa interessante para um jogo de computador, um conto ou até um episódio de (do antigo) Além da Imaginação (Twilight Zone).

A seguir, um breve apanhado do que saiu na Rede Mundial de Computadores. 
Por fim, uma pequena reflexão de por que isso é uma história interessante a princípio e depois uma baboseira enorme quando começa a se pensar sobre.

Sobre o navio

 

Bandeira da antiga Iugoslávia
MV Lyubov Orlova (inicialmente Lyubiovy Orlova), é (ou foi) um navio de cruzeiro antártico contruído na antiga Iugoslávia em 1976, pertencente à classe Ice Reforçado/Maria Yermolova. Foi retirado de serviço em 2010 e fundeado no porto de St. John's, em Terra Nova (Canadá).

 
Supostas Plantas dos Decks do Lyubov Orlova

Fonte: Wikipedia.

Em um momento posterior, teria sido vendido como sucata para a República Dominicana, por cerca de 600 mil libras.
  
Quem estiver interessado quanto isso dá na moeda do seu país, acesse aqui.


Entretanto, em 2013, quando estava sendo transportado, as amarras que o prendiam ao rebocador teriam se rompido e o navio, de quatro mil toneladas brutas, estaria à deriva desde então. Outra versão diz que, ao atravessarem uma tempestade, os tripulantes do rebocador preferiram soltar as amarras do que correr o risco de ir para o fundo juntamente com a sucata.

Como o incidente aconteceu em águas internacionais, o governo do Canadá não se importou em organizar uma operação de resgate do navio.  A República Dominicana, pesando a relação custo benefício, também preferiu deixar a situação como estava.  Por não oferecer risco à navegação (aparentemente o porto possui um movimento baixo de tráfego), o navio foi deixado, então, a deriva.

Sendo deixado de lado, o Lyubov Orlova desapareceu. Acreditava-se (antes dos boatos começarem) que ele teria afundado depois de navegar a esmo pelo oceano. Não houveram mais contatos, avistamentos, nem nenhum sinal do navio. O mais perto que se chegou foi um sinal de emergência transmitido a partir do navio, no início de 2014, que o colocou cerca de 700 milhas da Irlanda.  O sinal teria sido emitido a partir dos dispositivos de emergência do próprio navio que são ativados em contato com a água do mar.
Diretor Reynolds
"Recorrendo a satélite e radares projetamos a rota do navio para os próximos três meses, tendo chegado à conclusão de que se encaminhava para a costa da Noruega ou do sul de Inglaterra, mas não podíamos estar cem por cento seguros. Temos de continuar vigilantes", explicou Chris Reynolds, diretor da Guarda Costeira Irlandesa.

 
Os Ratos

  

Juntamente com a história do tal navio fantasma, outro boato foi acrescido: o navio estaria tomado por ratos.
Depois que o navio se perdeu, com o passar do tempo, os roedores a bordo do barco (ratos, ratazanas) enfrentaram a situação de escasseamento e, consequentemente, o total desaparecimento dos alimentos das dispensas. A partir disso os animais presos na embarcação passaram para o canibalismo, comendo os mais fracos, os mais velhos e até os filhotes. Por causa da falta de convívio com humanos, esses animais seriam extremamente agressivos e não teriam medo do homem.
Em uma próxima postagem vamos pensar um pouco sobre o que não faz sentido nessa história que, apesar de interessante, é bem furadinha... quer dizer, pelo menos as partes dos ratos canibais.
 Abaixo, mapas com a última posição informada e as supostas posteriores 'andanças' do Lyubov Orlova.












 








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