terça-feira, 9 de agosto de 2016

Tripulação de Ratos 2: Boato



Para ficar mais fácil, vou reproduzir os pontos do post anterior e levantar as perguntas e o que eu penso sobre eles. Não tenho tantos conhecimentos quanto eu gostaria, mas alguns pontos me intrigaram mesmo dentro de toda a minha ignorância.

   
Primeira citação:
Sendo deixado de lado, o Lyubov Orlova desapareceu. Acreditava-se (antes dos boatos começarem) que ele teria afundado depois de navegar a esmo pelo oceano. Não houveram mais contatos, avistamentos, nem nenhum sinal do navio. O mais perto que se chegou foi um sinal de emergência transmitido a partir do navio, no início de 2014, que o colocou cerca de 700 milhas da Irlanda. 


Talvez para um leigo pareça pouco, mas 700 milhas são uma distância considerável. Mas 700 milhas equivalem a 1126,54 km. A reportagem não deixa claro, mas se essa distância for em milhas náuticas, temos a distância de 1296,4 km.
 Para o cálcuo da conversão, foi usado o site abaixo:
Além do mais, não estamos falando de uma distância entre dois pontos em uma superfície terrestre, regular e sem a ação de forças externas. Estamos falando do oceano.  Vamos dar uma olhada em alguns mapas com as Correntes Oceânicas.



 Um navio a deriva estaria ao sabor dessas Correntes Marítimas (ou Oceânicas). A Corrente do Labrador o levaria ao longo da costa do Norte dos EUA,  podendo ser pego pela Deriva do Atlântico Norte (ou Derivação), que o levaria em direção ao Ártico, passando bem próximo da Inglaterra.  Isto é, levando-se em conta que o navio conseguiu sair dessa área pois nas águas próximas à Terra Nova, local onde o Lyubov Orlova se 'perdeu' a aparição de Icebergs não é incomum.
Cerca de 40.000 icebergs de tamanho médio ou grande são formados anualmente na Groelândia e cerca de 1 a 2% (400-800) deles vai para o sul chegando a 48o de latitude norte (St. John).
fonte:
Se o Lyubov Orlova  fosse pego pela Corrente das Canárias e, em seguida, pela corrente do Golfo, acabaria sendo mandado para as proximidades do Mar de Sargassos.
  
Sobre o Mar de Sargaços
 
Os marujos portugueses estiveram dentre os primeiros a descobrir a região no século XV, Cristovão Colombo e seus homens também depararam com o Mar de Sargaços e fizeram relatos sobre as grandes quantidades de algas em sua superfície, quando cruzaram o Atlântico rumo à América em 1942. O almirante cartaginês Hilmico já havia feito descrições similares após cruzar as Colunas de Hércules: "muitas algas crescem em meio às ondas, as quais retardam o navio como se fossem arbustos (...) Aqui, as bestas marinhas movem-se vagarosamente de um lado para o outro, e grandes monstros nadam languidamente entre os navios que se arrastam" (Avieno).

Devido à sua proximidade com as Bermudas (e, conseqüentemente, com o Triângulo das Bermudas), ao mar são creditados alguns dos estranhos desaparecimentos ali ocorridos; além disso, o estigma é reforçado pela às vezes total ausência de vento em sua superfície e a possibilidade de que embarcações modernas se enredem nos sargaços, resultando em mais embarcações encalhadas. Por estas razões, ele é por vezes citado como um cemitério de navios.


Fonte:
Em outras palavras, após se separar dos rebocadores, as chances que o Lyubov Orlova possuía de chegar incólume a algum lugar habitado, sendo guiado unicamente pelo Destino, me parecem bem pequenas. Mesmo sendo um navio sólido, projetado para navegar por águas perigosas, levando em conta seus 38 anos de existência.
Mas, mais uma vez, não sou especialista.
Segunda citação:
O mais perto que se chegou foi um sinal de emergência transmitido a partir do navio, no início de 2014 (...). O sinal teria sido emitido a partir dos dispositivos de emergência do próprio navio que são ativados em contato com a água do mar.
Outras fontes da internet falam que o navio, na verdade, teria sido pego em um radar e que, pelas características físicas (????) teria sido identificado como o Lyubov Orlova.
Não sei como está a tecnologia empregada pelos radares pelo mundo, mas levando em conta que um radar é projetado para identificar um determinado objeto por ondas de radas e fornecer informações como tamanho e velocidade, que outras características físicas poderiam ter sido identificadas?  Se as informações falassem sobre fotos de satélite, talvez a veracidade da identificação positiva do navio seria mais aceitável.

Além disso, onde ficam os tais sensores ativados quando em contato com a água do mar? Se ficam no casco, o normal seria que eles funcionassem de maneira intermitente. Se ficam em alguma área dentro do navio, indicaria uma avaria no casco que, consequentemente, levaria ao afundamento do navio e de sua carga.
Terceira citação:
Depois que o navio se perdeu, com o passar do tempo, os roedores a bordo do barco (ratos, ratazanas) enfrentaram a situação de escasseamento e, consequentemente, o total desaparecimento dos alimentos das dispensas. A partir disso os animais presos na embarcação passaram para o canibalismo, comendo os mais fracos, os mais velhos e até os filhotes. Por causa da falta de convívio com humanos, esses animais seriam extremamente agressivos e não teriam medo do homem.
As matérias tratam do tempo decorrido entre o desaparecimento do navio e o aparecimento dos agressivos ratos mutantes como se fosse uma eternidade.  Levando em conta que ele se perdeu em 2013, um ano é muito pouco tempo para que tais mudanças aconteçam.
A longevidade de uma ratazana (Rattus norvegicus) varia entre 2 e 3 anos. O navio está a deriva a menos de 1 ano.  A gestação das ratazanas é muito curta, o que possibilitaria o nascimento de várias novas gerações de novos animais completamente alheios ao ser humano, mas as informações dizem que os filhotes foram comidos pelos mais velhos durante o surto de fome.  Em outras palavras, os mais velhos não são totalmente selvagens, as novas gerações - se existirem - não poderiam atingir a plenitude de suas forças enfrentando ratos mais experientes e mais velhos.  Em outras palavras, daqui a 4 ou 5 anos, essa parte da história talvez faça mais sentido.
Em outras palavras, apesar de cheia de furos, a Lenda Urbana do Lyubov Orlova vai continuar a ser propagada na internet, mesmo com todas as provas em contrário.  Com o passar dos anos ele será avistado em várias partes do planeta por pescadores, excursionistas e talvez até militares.  As provas serão pouco conclusivas, claro, e será dito que há um plano de acobertamento governamental.
A história é muito boa, mas é apenas uma história. 


Por mais fantástica que a realidade seja, esse pretenso fato é apenas um boato.

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