sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A Casa do Pedágio - W.W. Jacobs (Parte 2)

II

"Parece dureza termos que perder uma noite de descanso para convencer Barnes que fantasmas existem", disse White.

"É por uma boa causa", disse Meagle. "Um objetivo digno e acho que vamos ter sucesso Você trouxe as velas, Lester.?"

"Eu trouxe duas", foi a resposta; "tudo do que o velho tinha."

A luz do luar era fraca e o céu estava coberto de nuvens. A estrada que seguia entre sebes altas estava escura e em certa parte, onde ela cruzava a floresta, eles tropeçaram ao menos duas vezes.

"Deixamos nossas camas confortáveis ​​para isso!" disse White novamente. "Deixe-me ver, o sepulcro residencial desejável está para a direita, não é?"

"Mais adiante", disse Meagle.

Eles andaram por algum tempo em silêncio, quebrado apenas pelo tributo de White para a suavidade, a limpeza e o conforto da cama que foi afastado cada vez mais. Sob a orientação de Meagle eles viraram à direita, e, depois de uma caminhada de aproximadamente 400 metros, viram as portas da casa diante deles.

A casa estava parcialmente escondida atrás de arbustos e a estrada estava sufocada com galhos crescidos. Com Meagle a frente, eles empurraram os galhos até que os pilares negros da casa surgiram diante deles.

"Há uma janela na parte de trás, por onde podemos entrar, segundo o proprietário", disse Lester, quando eles pararam diante da porta.

"Janela?" disse Meagle. "Bobagem. Vamos fazer isso direito. Onde está?"

Tateou pela escuridão e começou a sacudir a porta, trovejando na escuridão.

"Não banque o tolo", disse Barnes, irritado.

"Os criados fantasmas estão todos dormindo", disse Meagle gravemente, "mas eu vou acordá-los antes de acabar com eles. É um absurdo nos deixar aqui no escuro."

Ele sacudia a maçaneta de novo, e o barulho ecoava no vazio da casa. Em seguida, com uma exclamação, ele estendeu as mãos e tropeçou para a frente.

"Estava aberta o tempo todo", disse ele, com um som estranho na sua voz. "Vamos."

"Eu não acredito que estava aberta", disse Lester, parado na retaguarda do grupo. "Alguém está nos pregando uma peça."

"Bobagem", disse Meagle bruscamente. "Me dê uma vela. Obrigado. Quem tem um fósforo?"

Barnes riscou e acendeu a vela, e Meagle, protegendo a vela com a mão, abriu caminho até o pé da escada. "Alguém feche a porta", disse ele; "Está ventando muito."

"Ele está fechada", disse White, olhando atrás dele.

Meagle coçou o queixo. "Quem fechou?" Ele perguntou, olhando de um para o outro. "Quem passou por último?"

"Fui eu", disse Lester, "mas não lembro de ter fechado... Talvez eu tenha."
Meagle ia dizer algo mas pensou melhor, e, ainda protegendo a chama, começou a explorar a casa, com os outros logo atrás. Sombras dançavam nas paredes e escondiam os cantos conforme eles passaram. No final da passagem eles encontraram uma segunda escada, e subiram  lentamente para o primeiro andar.

"Cuidado!" disse Meagle, conforme os outros chegavam.

Ele segurou a vela a frente e mostrou onde os balaústres tinham rompido. Então olhou com curiosidade para o vazio embaixo.

"Este é o lugar onde o vagabundo se enforcou, eu acho", disse ele, pensativo.

"Você tem uma mente doentia", disse White, enquanto andavam. "Este lugar é assustador o suficiente sem você lembrar isso. Agora vamos encontrar um quarto confortável, tomar um pouco de whiskey e fumar nossos cachimbos. Pode ser?"

Ele abriu uma porta no final da passagem e revelou uma pequena sala quadrada. Meagle foi a frente com sua vela, e, derramando algumas gotas de cera, prendeu-a em cima da lareira. Os outros sentaram-se no chão e assistiram White tirar do bolso uma pequena garrafa de uísque e um copo de lata.

"Hum! Esqueci a água!"

"Logo vai ter alguma", disse Meagle.

Ele puxou violentamente um cordão suspenso e o tilintar enferrujado de um sino soou em uma cozinha distante. Ele tocou novamente.

"Não banque o tolo", disse Barnes aproximando-se.

Meagle riu. "Eu só queria convencê-lo", disse ele gentilmente. "Deve haver, pelo menos, um fantasma na sala dos criados."

Barnes levantou a mão pedindo silêncio.

"Sim?" disse Meagle, com um sorriso para os outros dois. "Tem alguém vindo?"

"Suponha que nós deixamos isso pra lá e voltemos", disse Barnes de repente. "Eu não acredito em espíritos, mas os ninguém controla totalmente seus nervos. Fique a vontade pra rir, mas juro que ouvi uma porta aberta abaixo e passos na escada."

Sua voz foi afogado em uma gargalhada.

"Lá vem ele", disse Meagle, com um sorriso. "Quando eu terminar, ele vai ser um crente completo.

Bem, quem vai pegar um pouco de água? Será que, você, Barnes?"

"Não", foi a resposta.

"Se houver alguma, pode não estar boa para beber depois de todos esses anos", disse Lester. "Nós temos que fazer sem ela."
 
Meagle assentiu, e sentando no chão, estendeu a mão para o copo. Cachimbos foram acesas, e o cheiro limpo, saudável de tabaco encheu a sala. White produziu um baralho de cartas; o som de vozes e risos ecoaram pela sala e morreu na relutância em corredores distantes.

"Quartos vazios sempre me fazem acreditar que eu possuo uma voz profunda", disse Meagle.

"Amanhã eu..."

Ele começou com uma exclamação sufocada quando a luz se apagou de repente e algo o atingiu na cabeça. Os outros saltaram. Então Meagle riu.

"É só a vela", ele exclamou. "Eu não a prendi bem."

Barnes riscou um fósforo, e tornou a acender a vela, prendeu-a em cima da lareira, e sentando-se, pegou suas cartas novamente.

"O que eu ia dizer?" disse Meagle. "Oh, eu sei, para amanhã ..."

"Escutem!" disse White, segurando o outro pela manda. "Palavra de honra que eu realmente pensei ter ouvido uma risada."

"Olhe aqui!" Barnes disse. "O que você disse sobre voltar? Eu já estou farto disso! Eu estou imaginando coisas também? Sons de algo se movendo na passagem lá fora... eu sei que é apenas fantasia, mas é desconfortável."

"Você vai se você quiser", disse Meagle, "e nós jogar dummy*. Você pode pedir pro vagabundo segurar sua mão quando for descer."

Barnes estremeceu e soltou uma exclamação com raiva. Levantou-se, e, caminhando para a porta entreaberta, escutou.

"Vá lá fora", disse Meagle, piscando para os outros dois. "Eu te desafio a ir até a porta da sala e voltar sozinho."

Barnes voltou, e, inclinando-se, acendeu o cachimbo na vela.

"Estou nervoso, mas racional", disse ele, soprando uma nuvem fina de fumaça. "Meus nervos me dizer que há algo rondando pra cima e para baixo lá fora; minha razão me diz que isso é tudo bobagem Onde estão as minhas cartas.?"

Sentou-se de novo, e, pegando sua mão, olhou-o cuidadosamente.

"Sua vez, White," ele disse, depois de uma pausa.

White não fez nenhum sinal.

"Ora, ele está dormindo", disse Meagle. "Acorde, velho. Acorde e jogue."

Lester, que estava sentado ao lado dele, pegou o adormecido pelo braço e sacudiu-o, delicadamente no início e depois com mais força, mas White, com as costas contra a parede e a cabeça baixa, não fez nenhum sinal. Meagle gritou em seu ouvido, e depois virou um rosto intrigado com os outros.

"Ele dorme como um morto", disse ele, fazendo uma careta. "Bem, ainda existem três de nós para manter companhia um ao outro."

"Sim", disse Lester, balançando a cabeça. "A menos que... Bom Deus! Suponha..."

Ele parou, e olhou para eles, tremendo.

"Suponha o quê?" perguntou Meagle.

"Nada", gaguejou Lester. "Vamos acordá-lo. Tente outra vez. White! White!"

"Isso não é bom", disse Meagle a sério; "Há algo de errado com esse sono."

"Isso que eu quis dizer", disse Lester; "E se ele vai dormir assim, por que não deveria..."

Meagle saltou de pé. "Bobagem", disse ele asperamente. "Ele está cansado, só isto. Ainda assim, vamos levá-lo para cima. Você pega as pernas e Barnes vai na frente com a vela. Quem é esse...?"



*Dummy - Jogo de cartas


(continua)

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